segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Game of Thrones (HBO) – 1ª temporada

Criadores: David Benioff e D. B. Weiss

Roteiro baseado no primeiro livro homônimo da série A song of Ice and Fire de George R. R. Martin

Como disseram os produtores dessa ótima série da sempre competente HBO, Game of thrones é Os Sopranos na Terra Média. A história reúne a complexidade de relacionamentos e luta por poder da famosa serie sobre a máfia Os Sopranos ao clima de batalha, fantasia de um período medival que nunca existiu de O Senhor dos Anéis. A série lembrou-me em parte também The Tudors, que narra a período de reinado do Rei Henrique VIII na Inglaterra.

Fazer uma sinopse da série é tarefa complicada, visto que são inúmeros os personagens (muitos mesmo), sete reinos distintos, muitas dinastias de reis e rainhas tratadas pela história, diversos senhores e “mãos” de reis, como são chamados os guerreiros braço direito do rei, lutas pelo poder e intrigas pessoais. A combinação perfeita para que gosta desse tipo de produção.

O mais interessante é que o roteiro é sólido e os personagens são complexos e bem definidos. A história, apesar de ser complicada e um pouco difícil de acompanhar (são tantos nomes!), flui de forma natural para o expectador, e sempre surpreendente a cada episódio, nunca soando repetitiva ou previsível.

O fato que mais me chamou a atenção foi que eu não me senti manipulado assistindo à série, como acontece com muitas produções televisivas. Os produtores têm que manter seus expectadores presos, porque a série vive de audiência, é claro, então costumam deixar o clímax não resolvido para o final do episódio para termos que ver o capítulo seguinte e assim por diante. Isso sempre soa falso e desonesto pra mim. Em Game of Thrones o roteiro é claro o coeso, e não esconde nenhum fato imporante do expectador. Está tudo ali. Basta ver, analisar e sentir. E o interessante é que essa falta da manipulação não faz com que o expectador perca o interesse. Muito pelo contrário. No meu caso o interesse só aumentou, porque eu entendendi logo de início que assistia a uma obra de arte de qualidade, não um produto televisivo que tem o único objetivo de conseguir audiência.

Os valores e assuntos abordados pela série como honra, amor à família, desejo pelo poder e encontrar um propósito na existência como muitos outros são tratados com muito talento pelo roteiro. Cada pesonagem se encaixa na hstória com sua função, como se os sete reinos fossem um tabuleiro de xadez e os personagens as peças. Uns guiam os participantes do jogo e outros são guiados.

A direção de arte, figurinos e toda a parte técnica da série são impecáveis. Afinal, criar um mundo novo e fazer com que ele seja crível não é tarefa fácil, mas o visual da série sempre impressiona.

O roteiro mostra como que a história é escrita através dos relacionamentos pessoais, personalidades e interesses dos poderosos. Quando um rei toma certa decisão, não é no bem do povo que ele pensa primeiro, mas em toda a sua bagagem emocional e psicológica que vem de sua criação, muitas vezes defeituosa como mostra a série, e em todos que estão ao seu redor, as pessoas que ama ou odeia e que influenciam a sua vida. Ou seja, os reis são humanos como qualquer outro, mas com poder para fazer viver ou matar centenas de milhares.

Game of thrones é uma surpresa agradável do ano de 2011 na televisão.

P.S.: A abertura é genial e exprime exatamente o clima e o tom da história. Não me canso de ver.