quinta-feira, 11 de março de 2010

Invictus (Idem)

Invictus (Idem) – EUA – 2009 ***

Direção: Clint Eastwood

Roteiro: Anthony Peckham, baseado no livro de John Carlin

Dono de uma filmografia muito regular, Clint Eastwood já dirigiu verdadeiras obras de arte memoráveis do cinema como As pontes de Madison, A troca, Menina de Ouro, Cartas de Iwo Jima, A Conquista da Honra, Sobre meninos e lobos só pra citar alguns e sem contar todos os longas do início de sua enorme carreira dos quais ainda não assisti a muitos, e outros não tão memoráveis assim, como este novo Invictus. O filme conta a história de Nelson Mandela (o sempre maravilhoso Morgan Freeman) quando este assume a presidência da África do Sul logo depois do apartheid. Percebendo que o país ainda se encontra dividido pelo preconceito racial, Mandela decide usar o rugby e a Copa Mundial como uma forma para unir a população. Para isso, chama o capitão do time, Francois Pienaar (Matt Damon) para uma reunião e o convence que o time pode vencer mesmo depois de uma campanha ruim e o quanto isso é importante para o povo. Introduzindo a história muito bem no primeiro ato, Eastwood situa com talento a situação política e social do país e principalmente, a personalidade de Mandela e o que ele representa para o povo, tanto os que o apoiavam quanto os que o odiavam. E nesse ponto é o talento de Freeman que entra em ação. Conseguindo transmitir todo o carisma e sabedoria daquele que foi um dos maiores líderes políticos de nosso tempo, Freeman encarna tanto na voz e sotaque, quanto em sua aparência física e até mesmo o jeito de andar a personalidade de Mandela. O filme perde um pouco da força no segundo ato em diante, se transformando apenas num filmezinho de esportes, daqueles que mostram a trajetória de um time que era ruim e chegou à vitória. Outro erro do roteiro é o fato de abordar um problema físico de Mandela sem levar isto adiante e apresentar um desfecho para esse aspecto da história, tornado-se um arco dramático completamente sem propósito. O filme peca também em passar a falsa ilusão de que uma Copa do mundo de rugby pode ser a solução de todos os problemas sociais de um país. É claro que a jogada política de Mandela foi genial, mas estava longe de resolver o preconceito racial de centenas de anos de história. Parece que Eastwood tratou do assunto com certa inocência, ou complacência em demasia. Temos ainda a performance do carismático Damon, que é eficiente, mas recebeu uma indicação ao Oscar não merecida. Deveria ter sido indicado por O Desinformante. No mais, a fotografia e a direção de arte são interessantes como de costume, mas nada que se destaque na narrativa do projeto. Por fim, Invictus é uma experiência cinematográfica agradável, mas sem muita profundidade.