Cisne Negro (Black Swan) – EUA - 2010
Direção: Darren Aronofsky
Roteiro: Mark Heyman, Andres Heinz e John McLaughlin
Com um currículo impecável e de fazer inveja em qualquer diretor, Darren Aronofsky está acostumado a tratar de tramas complexas e com personagens que passam por perturbações ou grandes mudanças emocionais. Aqui neste maravilho Cisne Negro ele nos entrega mais uma obra digna de ser vista, revista e que deve ser relembrada por muito tempo.
Nina (Natalie Portman) é uma bailarina que dedica todos os minutos do seu dia a sua arte. Em parte por amor, e em parte por pressão da mãe controladora. Depois de ter um sonho sobre o balé O lago dos Cisnes que a deixa intrigada, descobre em sua Academia que uma montagem moderna no espetáculo será produzida pela companhia e que o diretor (Vincente Cassel) está à procura de uma protagonista, só que esta irá interpretar tanto a Cisne branca quanto a negra, completamente opostas entre si.
Infantilizada pela mãe controladora e repressora, Nina não tem dificuldade em encarnar a Cisne branca, sensível, frágil e meiga; mas quando se trata de Cisne negra, Nina não consegue se entregar completamente à personagem, sensual, impulsiva e até mesmo maléfica. E com a ajuda do brilhante diretor do balé e sua nova colega de cena (a ótima Mila Kunis) que se apresenta exatamente este seu oposto, a moça vai aos poucos se entregando ao seu lado mais sombrio tanto no palco quanto na realidade.
Usando um jogo de cena que desde o momento contrapõe os lados “branco e negro” da protagonista, Aronofsky não desperdiçar nenhum momento em tela sem que não use a linguagem cinematográfica para transmitir o que quer. Parada no metro, Nina, com a pele do rosto branca, vê seu reflexo no vidro completamente negro. E o jogo com os espelhos que Aronofsky usa ao longo do filme são simplesmente geniais.
A trilha sonora mescla temas do Lago dos Cisnes de Tchaikovsky com uma trilha original muito marcante e expressiva, que se encaixa perfeitamente na história. O design de som é perfeito, captando os ruídos provenientes do assoalho enquanto os dançarinos fazem seus movimentos, mostrando a dificuldade dos movimentos que eles executam tendo que passar o máximo de leveza possível; ou quando ouvimos som de asas baterem ao vermos as bailarinas girando.
Fotografado com perfeição um uma câmera de mão sempre em movimento, o longa passa uma incrível noção de realismo, mesmo nas cenas contendo as “ilusões” da protagonista. E qualquer performance que fosse menos do que excelente estragaria o resultado final, mas Natalie Portman se entrega totalmente à personagem, com uma voz frágil e insegura quando é dominada pela sua mãe, ou quando decide reagir a todos, assumindo seu lado mais sombrio, abraçando sua sensualidade e domínio de caráter. E na apresentação do final isso fica claro, quando ela encarna o cisne negro em sua totalidade, e os seus suspiros durante a dança que antes eram de esforço, se tornam suspiros sensuais.
Por fim, ainda dá tempo de correr e assistir a esse jovem clássico nas salas de Cinema.
Nota: 10