Direção: Tarsem Singh
Roteiro: Vlas Parlapanides e Charley Parlapanides
Depois do fraco Fúria de Titãs e do péssimo Conan, o Bárbaro, esse também mediano Imortais sofre influências desses dois e também do ótimo 300, dirigido por Zack Snyder, mas Tarsem Singh jamais consegue alcançar a qualidade e ambição da narrativa de Snyder em 300 e muito menos o seu apuro visual, fazendo com que Imortais seja m espetáculo visual interessante e um filme de ação razoável, mas sem coesão artística.
Para se vingar dos deuses Olímpicos responsáveis por sua queda e declarar guerra à humanidade, o titã Hiperião (Mickey Rourke) procura pelo Arco de Édipo que lhe permitirá libertar os outros titãs. Um camponês chamado Teseu (Henry Cavil) escolhido e treinado por Zeus (Luke Evans) entende sua missão e lidera seus homens para proteger sua terra e seu povo de Hiperião.
Com essa premissa que faz uma miscelânea da Mitologia Grega e seus Deuses (o que qualquer um pode saber com o seu raso conhecimento do Ensino Médio sobre assunto) essa mistura não seria um problema, visto que o filme não é uma adaptação de um livro ao qual ele deveria ser fiel ao tom e ao estilo, mas sim baseado em uma “religião” antiga e um conjunto de histórias e lendas. O problema é que Teseu e a saga que ele enfrenta depois de perder sua família (sua mãe que era tudo o que tinha) não convencem e não emocionam. Algo tão básico como vingar a morte de sua família deveria interessar qualquer ser humano e causar identificação (como em Kill Bill, Gladiador, etc), mas aqui isso não acontece. Assim como não acontece em Fúria de Titãs. Esse é o maior defeito do filme, partindo do princípio de que para nos envolvermos com a história precisamos nos interessar e torcer pelos personagens. Além disso, o romance de Teseu com a sacerdotisa Fedra (Freida Pinto) é raso e não convence. Ela é simplesmente a mulher atraente que estava ali no momento.
O visual dessaturado e sem cores empregado em 300 funciona aqui na maioria do filme, mas quando os Deuses gregos aparecem em cena, não consegui deixar de pensar: “que cafona”. É muito dourado e carnavalesco demais e destoa do restante do filme e da narrativa em si. A direção de arte é no geral eficiente, mas exagera em alguns pontos, como na criação da aldeia em que Teseu vivia que é encrustada no meio de uma enorme encosta marítima rochosa que você pensa: “como as pessoas chegam lá?” ou na criação digital de um exército de milhares e milhares de soldados em frente ao castelo no desfecho do filme que não causa o impacto que deveria exatamente pelo fato de os expectadores saberem que estão vendo algo “falso” criado em computador e por ninguém fazer ideia de onde surgiu tanta gente. Na batalha final onde esse exército deveria entrar em ação, o que vemos é uma luta genérica num corredor no castelo, e depois soldados sendo destruídos de forma não convincente.
Tarsem Singh mostrou que é um diretor competente por ter conseguido fazer um filme razoável a partir de um roteiro pedestre, mas também mostrou que precisa encontrar a sua forma de fazer filme. Dar a sua própria identidade visual e principalmente, conduzir uma narrativa com um pouco mais de ambição artística, seja para emocionar, assustar, fazer ação frenética, contar uma história importante ou simplesmente aguçar o intelecto do expectador. Imortais não faz anda disso. É difícil saber as motivações de cada um na batalha, o que é um erro imperdoável num filme desse gênero.
Henri Cavill carrega bem o filme nas costas e mostra que tem talento e carisma para ser ator de Cinema, não só de televisão (ele faz a série The Tudors). As duas mídias exigem coisas bem diferentes dos atores. Freida Pinto é somente aquilo que o roteiro permitiu: a gostosa por quem o herói de apaixona. Mickey Rourke cria um vilão bastante assustador e monstruoso, como pede o filme, mas a maior parte de sua performance fica a cargo de sua aparência monstruosa e de sua voz grave e rouca. Ele não teve que fazer muito esforço pra isso. O resto do elenco são mulheres igualmente bonitas como Freida Pinto e homens com abdômen de tanquinho como Cavill.
Imortais é um entretenimento bobo, esquecível, mas cumpre sua missão, que é entreter sem exigir muito dos expectadores. Espero que não tenha continuação, mas algo me diz que pelo gancho final do filme (muito interessante por sinal) e a sua bilheteria satisfatória Imortais 2 está a caminho.
Nota: 7