domingo, 3 de outubro de 2010

Orgulho e Preconceito (Minissérie da BBC – 1995)

Direção: Simon Langton

Roteiro: Andrew Davies

Quem me conhece sabe da minha admiração pela obra da inglesa Jane Austen e o meu interesse nas adaptações cinematográficas ou televisivas de seus livros. Especialmente sua obra prima Orgulho e Preconceito.

Meu primeiro contato com a história de ódio e amor de Mr. Darcy e Elizabeth Bennet foi ao assistir o soberbo filme de 2005 dirigido por Joe Wright. Depois disso, comprei o livro e li. Em seguida, assisti ao filme mais algumas vezes, o que só fez crescer minha admiração pelo trabalho de Wright e sua equipe. Agora, acabo de assistir a cultuada minissérie de 1995 estrelada por Colin Firth e Jennifer Ehle. Achava que não ia gostar tanto quanto o filme, mas fiquei muito surpreso positivamente com o que vi, e comparações tornam-se desnecessárias, visto que o Cinema e a TV são mídias tão diferentes e exigem tratamentos do material original também diferentes.

O maior feito da minissérie e também do filme de 2005 foi conseguir capturar a alma e o tom exatos do livro de Austen, considerada a primeira romancista inglesa moderna. O livro, ao abordar a história de pessoas simples e comuns, com suas desventuras cotidianas em suas vidas sem sentido é uma grande crítica a sociedade e aos costumes da época. O humor é perspicaz, a construção dos relacionamentos muito bem estabelecida de forma racional, diferente do Romantismo e a análise e desenvolvimento da personalidade dos personagens é brilhante. Austen era uma grande observadora, como dizem.

Para os jovens rapazes em posse de uma boa fortuna, sua única preocupação na vida era administrar seu dinheiro herdado e conseguir uma boa esposa. Para as jovens moças, seu único propósito era encontrar esses rapazes. E para algumas mães, como no caso da hilária Sra. Bennet, conseguir casar suas cinco filhas solteiras. É em torno disso que Austen desenvolve sua história através do ponto de vista feminino (e porque não dizer feminista?), mostrando o pouco poder de escolha que as mulheres tinham na época, e como a felicidade no amor dependia tão pouco da vontade de suas heroínas.

A direção de arte da minissérie é impecável, com cenários maravilhosos e muito bem decorados com ótima reconstrução de época. As locações são incríveis (nunca vou me esquecer dos campos de Pemberley) e figurinos excelentes. A trilha sonora capta perfeitamente o espírito da Inglaterra Vitoriana. E não tem como falar das atuações de todo talentoso elenco, principalmente do casal protagonista. Firth e Ehle são os perfeitos Mr. Darcy e Elisabeth, sempre expressivos, carismáticos e convincentes.

O roteiro se mantém muito fiel ao livro e se desenvolve de forma fluída. A direção de Langton é impressionante, fazendo com que, às vezes, eu me esquecesse que estava assistindo a uma minissérie e não a um filme, com seus movimentos de câmera elegantes e inventivos (surpreendentes para uma produção televisiva) e sua agilidade em contar a história, sem deixar o ritmo e o interesse do espectador diminuirem em momento algum.

Por fim, a minissérie é uma obra de arte à altura da obra de Jane Austen. Como disse à minha irmã Natália: “Eu gostaria de ter eternos episódios semanais com essa qualidade artística sobre a vida daquelas pessoas para poder acompanhar. Seria ótimo.”

Nota: 10