Lanterna Verde (Green Lantern) – EUA – 2011
Direção: Martin Campbell
Roteiro: Greg Berlanti, Michael Green, Marc Guggenheim e Michael Goldenberg, baseado nos quadrinhos da DC Comic
Creio que nunca antes em um único ano foram lançados tantos filmes de super heróis. Para os fãs do gênero isso é ótimo, mas o risco de os diretores caírem na mesmice e no lugar comum é grande. É o que em parte acontece com essa nova produção da DC Comics Lanterna Verde.
Confesso que não tinha grandes expectativas com o filme nem sei por quê. Quando vi o trailer no cinema não tive uma boa impressão. Porém fui surpreendido positivamente quanto conferi o longa e vi que ele não era tão ruim como eu pensava. Isso só reforça a minha teroria de que assistir trailers e saber muita informação sobre o filme antes de assisti-lo não é muito bom para a experiência cinematográfica e não é justo com o filme. O ideal é que sua mente esteja vazia com relação ao longa que você irá assistir; assim ele causará a impressão pura e simples que deve causar livre de pré-julgamentos e expectativas.
Hal Jordan (Ryan Reynolds) é um piloto da força aérea americana que sofre de irresponsabilidade crônica e um patológico instinto autodestrutivo, teoricamente causado pela perda prematura de seu pai em um terrível acidente aéreo presenciado por ele quando criança. Inesperadamente ele recebe um anel de um alienígena prestes a morrer que caiu na terra que irá conferir poderes a ele para se tornar um Lantera Verde e fazer parte de uma tropa de Lanternas verdes composta de 3600 membros de setores diferentes do universo. O anel se alimenta da força da vontade das pessoas e o requisito para ser digno de ser escolhido por ele é não possuir medo. Hal tem que se acostumar a ser um Lanterna verde, domar sua personalidade e teinar para enfrentar um inimigo monstruoso que se alimenta da energia do medo e que ameaça destruir todo o universo, além dos seus problemas na terra com sua namorada, seu trabalho e Hector Hammond (Peter Sarsgaard) que parece ter sido afetado pelos vestígios do monstro.
A história parece complexa, mas é realivamente simples. Isso é o ponto fraco e forte do filme ao mesmo tempo. O filme se concentra na ação e na aventura, assumindo a cara de um filme bem hollywoodiano como Martin Campbell já está acostumado a dirigir. Isso é bom, mas o filme não passa de puro entretenimento, porque não chegamos a nos importar de fato com Hal (só simpatizamos um pouco com ele por ele ter a cara do Ryan Reynolds que é um ator carismático) ou os outros personagens, e nem mesmo odiar o vilão ou ter pena dele. O monstro que já foi um dos membros do conselhor não chega a de fato ser um vilão típico do universo de super heróis por ser muito poderoso, distante e impalpável. Por isso o Dr. Hammond é inserido na história. Ele não passa de uma ferramente do roteiro para atrapalhar ainda mais a vida do herói e ser uma cara para o público odiar. Sua relação com o seu detestável pai é mal desenvolvida. A idéia era boa, mas batida. “Filho não se dá bem com o pai e tem seu caráter afetado por isso”. Se fosse uma idéia bem tratada pelo roteiro, passaria batida, mas não é. O arco dramático de Hammond é abandonado pelo roteiro e finalizado quando se apresenta necessário.
Algo que funciona bem é a relação de Hal com Carol Farris (Blake Lively, linda, mas desconhecida pra mim). A dinâmica entre os dois funciona bem e o casal tem carisma junto, mas Carol também não é nada além do interesse amoroso do herói; a relação deles não têm nenhuma complexidade maior explorada pela história.
Um grande problema do roteiro é não fazer o que todos os filmes de superheroes fazem. Se um humano adquire poderes de uma hora para outra, ele no mínimo tem que se questionar se quer mesmo tais poderes, de que forma eles irão influenciar sua vida, as implicações e responsabilidades que ser poderoso traz e os questionamentos morais de usá-los: para si, ou para ajudar os outros. Hal, que a princípio era um irresponsável e inconseqüente, parece do dia para a noite se tornar uma espécie de Superman e ter como único objetivo salvar a sua amada humanidade. Eu me pergunto: de onde esse senso de justiça veio? Ele já tinha ou o anel deu isso a ele? Ou ele passou por um processo de amadurecimento não mostrado pelo filme? Essa resposta eu não tive.
Mesmo com esses problemas de roteiro, o filme transcorre bem, prende a atenção e cumpre seu papel. As sequências de ação são eficientes, mas são burocráticas sem mostrar nada de novo. Os efeitos visuais impressionam, porém, o que se esperar de uma produção desse porte? A direção de arte é bastante criativa com o visual do planeta Oa, a criatura maligna e principlamente o confronto final. A trilha sonora me lembrou a de Superman em alguns acordes, o que é interessante, visto que aquele personagem também é da DC e trás memórias boas para os cinéfilos.
Lanterna Verde é mais um bom filme de super herói, mas é um tanto esquecível.