Direção: J. J. Abrams
Roteiro: J. J. Abrams
Steven Spielberg é umas das personalidades mais importantes da história do Cinema e continua a ser também na atualidade. J. J. Abrams é um desses jovens cineastas que cresceu vendo os filmes de Spielberg na década de 70 e 80 e vem sendo influenciado por suas criações desde então. Neste bom Super 8, Abrams faz uma homenagem àqueles títulos que foram reprisados dezenas de vezes na TV e fazem parte da vida de muita gente. Exemplos: E. T. – o extraterrestre, Contatos imediatos de terceiro grau, Os Goonies (produzido por Spielberg) e Tubarão.
Um grupo de adolescentes liderado pelo aspirante a diretor de Cinema Charles (Riley Griffiths) roda uma cena de seu curta em uma estação de trem abandonada à noite. Eles presenciam um terrível acidente com o trem enquanto gravavam o filme. Chocados com o que aconteceu, eles ficam divididos entre tentar descobrir a causa do acidente ou tentar ficar longe do fato para salvar suas vidas, mas a segunda opção se torna quase impossível, porque acontecimentos estranhos começam a ocorrer na pequena cidade onde moram. Então eles recorrem à fita gravada durante o acidente pela câmera super 8 de Charles para ter alguma pista do ocorrido.
A dinâmica do grupo de adolescente remete muito a Os Goonies. Eles têm toda a energia que a idade traz, os hormônios à flor da pele, a curiosidade com tudo à volta, problemas de relacionamento com os pais, não conseguem dar um rumo certo às suas conversas, as brincadeiras inocentes e ofensivas entre o grupo e a desvantagem de serem muito jovens e a maioria das pessoas não darem crédito ao que dizem, o que se apresenta um problema, porque em certo ponto do filme, eles são os únicos a saber o que exatamente está atacando os moradores da cidade.
Abrams aprendeu perfeitamente a lição passada por Spielberg em Tubarão. Ele passa todo o primeiro e segundo ato do filme sem mostrar a criatura, deixando apenas o espectador ver a cara de pavor quando um personagem a vê ou mostrando todos os cachorros da cidade fugindo para a redondeza. A tensão criada é grande. A seqüência inicial do acidente do trem também é impressionante tanto visualmente quanto pelos efeitos sonoros.
O filme assume um tom de nostalgia para aqueles que conhecem as obras às quais ele faz homenagem, principalmente porque a história se passa em 1979 e todo o design de produção e até a trilha sonora retratam a época com perfeição. E nesse ponto o estilo de homenagem que Abrams imprime no longa se faz muito presente, com zooms na direção do rosto dos atores, trilha sonora característica de produções da época e os já famosos efeitos de luz do diretor na fotografia comuns em todos os seus filmes.
Ao mesmo tempo Abrams presta uma pequena homenagem ao Cinema mostrando as dificuldades do grupo de meninos em rodar seu filme e as soluções criativas que eles inventam para os problemas de produção. Afinal, filmar um curta sobre zumbis não era tarefa fácil para um grupo de adolescente criativos, porém sem dinheiro.
O desfecho é bem ao estilo E. T. e não vai decepcionar a maioria. É emocionante e um tanto fantasioso. O roteiro deixa algumas pontas soltas, mas nada que prejudique os espectadores de se envolver com a história e os personagens carismáticos. J. J. Abrams em seus dois outros filmes já havia mostrado que era um diretor competente. Tanto em Missão Impossível III quanto em Star Trek ele reinventou algo já existente. Em Super 8 ele provou que pode filmar um material seu e produzir algo de qualidade. Imagino o quanto ele se realizou produzindo um filme ao lado de seu ídolo. Agora ele é mais do que o homem pro trás de Lost.
Nota: 7,5
P.S.: O curta The case filmado pelo grupo no filme é exibido durante os créditos finais. Imperdível.