Planeta dos Macacos: a origem (Rise of the Planet of the Apes) – EUA – 2011
Direção: Rupert Wyatt
Roteiro: Rick Jaffa e Amanda Silver
Os reboots estão na moda em Hollywood. Eles de certa forma me deixam apreensivos. Porque refilmar ou dar uma nova roupagem a clássicos que foram sucesso de crítica e/ou bilheteria é muito perigoso. As suas fontes inspiradoras geralmente são de boa qualidade, e fazer algo do mesmo nível ou melhor é tarefa muito complicada. E fico muito triste quando uma refilmagem ou reboot “estraga” o original e a idéia que temos dele. Imgine algum diretor fazendo um remake de E o vento levou ou da trilogia O Senhor dos anéis daqui a alguns anos. As comparações são inevitáveis e não consigo para de pensar que a idéia de refilmar algo bom é desnecessária.
A trama tenta explicar o início dos fatos que levaram ao longa de 1968 com Charlton Heston. Will Rodman (James Franco) é um cientista que trabalha tentando desenvolver a cura para o Alzheimer fazendo testes em chimpanzés. Depois de um acidente com uma chuimpanzé numa apresentação, todos os símios do laboratório são sacrificados, mas Will decide levar um bebê chimpanzé pra casa e criá-lo como um filho. O bebê chamado César (Andy Serkis) começa a apresentar inteligência fora do comum. A relação dos dois fica abalada depois que Will tem que mandar César para um abrigo com outros símios, onde ele começa a liderar uma revolução e planejar uma fuga coletiva.
O filme acerta por se focar na jornada emocional de César, acreditem. Diferente do longa de 1968, que se concentrava no personagem de Heston e suas descobertas num planeta dominado pelos símios. César passa pelo dilema que qualquer criança adotada passa. Ele se sente diferente de seu “pai” e se pergunta quais são as suas origens. Isso gera a revolta que qualquer pessoa teria ao ter suas origens escondidas durante tanto tempo e gera nele um extinto de busca e de auto-descobrimento. Se o lar dele não era em casa com Will, o que então ele deveria fazer de sua vida?
Mesmo tendo uma relação complicada com seu “pai” Will, Cesar sempre demonstra carinho e respeito por este. Os momentos de intimidade de “pai e filho” entre os dois são os momentos mais ternos do filme. E a conexão emocional que os dois apresentam faz todo o sentido, afinal Will criou César com todo amor e o ensinou tudo que ele sabe.
Quando Cesar começa a organizar uma revolução no abrigo, entendemos suas razões e motivações. Ele era quase um ser humano com sentimentos, e, mesmo se fosse um animal, tem o estinto que qualquer ser vivo tem: querer viver em liberdade no lugar que você de fato pertence, saber quem você é, de onde veio e ter um propósito na vida.
Nos filmes anteriores, os símios eram representados por atores com roupas e maquiagem. Aqui eles são criados com a moderna técnica de motion capture desenvolvida por Peter Jackson para criar o Gollum de O Senhor dos Anéis e aprimorada por James Cameron em Avatar. Os símios têm uma aparência extremamente realista na maior parte do tempo, e César é muito expressivo. Sem dizer uma só palavra (a maior parte do longa), sabemos tudo que ele está pensando e sentindo. E quando ele fala sua primeira palavra no filme, é um momento de tanto choque, que mesmo ele parecendo não precisar falar, é o seu grito de liberdade. César é o protagonista inegável do filme, mas James Franco, talentoso como sempre, se encaixa bem e convence como o cientista passional que tem motivações pessoais em seu trabalho.
Planeta dos Macacos: a origem é uma supresa boa de 2011. E o curioso é que o protagonista nem é um ser humano.