Direção: Joe Johnston
Roteiro: Christopher Markus e Stephen McFeely, baseado nos quadrinhos da Marvel
Steve Rogers (Chris Evans) tem um único sonho em sua vida: entrar no exército americano para lutar contra Hitler e os Nazistas. O problema é que ele é baixinho, franzino, tem asma e várias outras doenças crônicas. Apesar de sua determinação e fibra moral, seu físico o impede de lutar pelo seu país e defender a sua causa. Até o dia em que o Dr. Erskine (Stanley Tucci) o conhece e o propõe participar de um programa do governo para a criação da super soldados. Ele viu em Rogers qualidades além do físico. Lá ele conhece a oficial Carter (Hayley Atwell) com quem desenvolve uma amizade e o General Phillips (Tommy Lee Jones). Paralelo a isso, Johan Schmidt (Hugo Weaving) desenvolve na Alemanha seu plano de derrotar Hitler, assumir o controle do país e construir um império mundial. O fator complicador é que ele também é fruto de uma experiência do Dr. Erkine no passado quando eram amigos, que o deixou mais forte, porém deformado, sendo apelidado de Caveira Vermelha.
Como Thor, Capitão América pra mim, apesar de ser um filme bastante eficiente, soa mais como uma preparação para a mega produção da Marvel, Os Vingadores. Os dois filmes têm a missão de apresentar os personagens Thor e Capitão América e contar suas origens. Mas isso não signifique que esse longa não funcione enquanto Cinema. Muito pelo contrário. A história é contada de forma muito tradicional por Johnston, chegando às vezes a quase cair no clichê. Porém a narrativa não deixa de emocionar porque a jornada de Rogers desperta simpatia em todos, e qualquer um torce para que ele seja bem sucedido.
Grande parte dessa simpatia se deve à sensível performance de Evans na primeira meia hora do filme. Encarnando o magrelo Rogers com extrema sensibilidade, sem exageros de interpretação, Evans não deixa que sintamos pena do protagonista pelo fato de ele ser raquítico e apanhar dos valentões. Gostamos de Rogers porque ele é simpático, amável com os amigos e tem bom caráter. E fico feliz em saber que o ator insistiu para que fosse ele próprio a interpretar Rogers antes da transformação com ajuda de efeitos visuais e não outro ator. Ele inclusive emagreceu para filmas a primeira parte. Isso mostra que o ator está evoluindo em sua profissão e que teve cuidado na composição do personagem, não se contentando apenas em usar de sua aparência física para encarnar o herói. E ele se sai igualmente bem nas cenas de ação e também de comédia. São impagáveis os momentos em que Steve se torna uma espécie de estrela da Broadway.
A revista em quadrinhos foi criada com o propósito de aumentar o patriotismo do povo americano. Esse patriotismo está presente no filme, visto que ele faz parte da história, mas só isso. Johnston acertou ao evitar passar mensagens que pregam a soberania americana sobre a Alemanha ou outros países. Steve é patriota, e isso é amplificado pelo experimento ao qual foi submetido. Johnston sabia que isso era fundamental para o sucesso do projeto. Qualquer patriotismo exacerbado, como por exemplo, mostrar uma bandeira americana tremulando no vento em câmera lenta atrás do herói soaria falso e forçado.
Se em Thor, o relacionamento do herói com a cientista vivida por Natalie Portman era mal desenvolvido, isso não acontece aqui. Acompanhamos Steve e a oficial Carter desenvolver uma amizade que se torna um sentimento maior. Assim, torcemos para que os dois fiquem juntos no fim. E todos entendem do interesse de Steve pela oficial Carter; ela é linda, inteligente, competente e encantadora. Os momentos que mostram a falta de tato de Steve com as mulheres são ótimos. Mesmo agora sendo bonito e atraente, ele continua com a personalidade do garoto franzino que apanhava dos outros.
Stanley Tucci vive o Dr. Erskine com extrema sensibilidade; e Tommy Lee Jones compõe o General Phillips como muito vigor e humor, acima de tudo. Sua sinceridade e o jeito que articula suas idéias de forma simples rendem piadas ótimas, o que cria uma empatia do público com seu personagem, que mesmo sendo durão e incisivo em sua opinião sobre Steve, sabe reconhecer o valor do herói quando ele se mostra. E, desde o Coringa de O Cavaleiro das Trevas, acho que o Caveira Vermelha é o melhor vilão dos filmes de super heróis. É claro que ele não possui a complexidade psicológica e emocional do personagem criado por Heath Ledger, mas é extremamente assustador e bem composto por Weaving. A maquiagem é impressionante. O ator não perde nada de suas expressões faciais.
As seqüências de ação são dirigidas de forma burocrática por Johnston. São bem realizadas e eficientes. Os efeitos visuais são eficazes, e um fato que me deixou feliz é que Johnston sabe usar a câmera lenta nos momentos certos, sem exceder, como alguns diretores.
Os aspectos técnicos do longa são impecáveis, como de costume nas produções da Marvel. Só o 3D que soou um pouco desnecessário, já que o filme foi convertido. É apenas um plus no projeto, nada que chame a atenção ou inove no uso da linguagem.
Capitão América: o primeiro vingador faz um bom trabalho apresentando mais um herói para a grande empreitada da Marvel. Vale à pena esperar depois dos créditos finais para ver o primeiro trailer de Os Vingadores.
Nota: 7,5