Fúria de Tirãs 2 (Wrath of the Titans) – EUA – 2012
Direção: Jonathan Lieberman
Roteiro: Basil Iwanyk e Polly Cohen Johnsen
Depois do remake já fraco, porém sucesso de bilheteria Fúria de Titãs em 2010, o estúdio teve o mal gosto de realizar esse Fúria de Titãs 2, ainda mais apagado que o original.
O enredo do filme gira em torno de uma crise que acontece com o mundo dos deuses, visto que os humanos não oram mais por eles (assumindo que a oração na Grécia antiga era da forma que é para os cristãos nos dias de hoje). Enfraquecidos pela falta de crença dos humanos, os deuses são subjugados por Cronos, que libera os titãs sobre o mundo dos humanos e tenta tomar o poder absoluto entre os deuses, capturando Zeus (Liam Neeson). É aí que entra em ação Perseu (Sam Worthington), protagonista do longa de 2010. Dez anos depois dos acontecimentos do primeiro filme, Perseu leva uma vida normal criando seu filho em uma vila e trabalhando como pescador. Perseu se compadece de seu pai e parte numa missão de resgate.
Nem mesmo uma missão tão nobre como a de Perseu, resgatar o pai, consegue sustentar a narrativa nas duas horas de filme. Perseu não era próximo de seu pai e não nos importamos com o destino dos dois e muito menos com o sucesso da jornada, que deveria ser a veia central do filme. Nem mesmo a relação de Perseu com seu filho, que deveria servir de contraponto para a relação de Perseu e Zeus, não exibe força nenhuma. E no caminho, Perseu conhece a bela Andrômeda (Rosamund Pike), que desde o primeiro momento em que os dois se entreolham, temos a plena certeza que ela se tornará o interesse romântico do herói ao longo do filme. A relação dos dois é artificial, o que faz com que o inevitável beijo no fim da projeção seja sem graça e óbvio.
É difícil entender a motivação de cada personagem se ela existe. Excetuando a de Perseu, que é resgatar seu distante pai, são rasos os motivos de cada um para estar naquela jornada. Esse erro é fatal para o sucesso da produção, uma vez que a morte de qualquer um dos personagens não acarretaria em quase nenhuma reação no expectador. Não a que deveria causar pelo menos. O único alívio fica por conta de Agenor (Toby Kebbell), que tem um personagem ligeiramente divertido e um pouco interessante. Fiquei curioso para saber um pouco mais de sua história.
Sam Worthington se apresentou como uma surpresa agradável em Avatar (2009). Aqui ele não pode fazer muito com seu personagem vazio num enredo furado. Perseu é inexpressivo e não cativa como deveria. O resto do elenco de encontra na mesma situação. Inclusive os sempre talentosos Ralph Fiennes e Liam Neeson. E foi difícil não pensar no Lord Valdemort de Harry Potter ao ver Fiennes em cena. Afinal, foram muitos anos no papel. O que tem acontecido com Hollywood? Remakes sem graça têm sido produzidos um após o outro e atores talentosos têm se entregado a projetos medíocres. Enfim...
Não entendo muito de mitologia grega, mas o pouco conhecimento que tenho me permite dizer que Fúria de titãs 2 faz uma miscelânea dos elementos da mitologia e o resultado não é muito bom. Se o drama e a ação ainda funcionassem, seria um pouco mais perdoável devassar toda a cultura antiga de um país, mas não é o caso.
A direção de Jonathan Lieberman é obvia e não tem nada de novo, chegando mesmo a beirar o ruim em algumas cenas, como aquela dentro do labirinto que supostamente deveria ser quase impossível de ser transposto. A sequência é confusa, a câmera fica trêmula e trepidante o tempo todo, os cortes são rápidos demais, impedindo que qualquer um entenda o que acontece na tela, e por fim, depois de muitas paredes andarem de um lado para o outro, o chão de mover e buracos serem abertos, sem mais nem menos eles chegam ao centro, onde supostamente era impossível de se alcançar. O uso do 3D não apresenta nada de novo para a linguagem, servindo apenas como uma muleta para atrais mais bilheteria.
O primeiro filme 2010 merecia ser visto por se tratar de um remake de um filme que se tornou cult. Deste eu não posso dizer nem isso.
Nota: 4,0