Millenium – Os homens que não amavam as mulheres
Autor: Stieg Larsson
Editora Companhia das Letras, 2008 – 522 páginas
Foi com empolgação que comecei a ler o incrível Millenium – Os homens que não amavam as mulheres depois de ver no ano passado o tão incrível filme baseado no livro, dirigido por David Fincher. Logo nos primeiros capítulos eu percebi o que atraiu Fincher e o levou a trazer o material (já filmado na Suécia) para as telas e o que transformou o a trilogia Millenium em best seller. A escrita de Stieg Larsson é intrigante, inteligente e muito criativa. E acima de tudo honesta com o leitor, contando a história (muito boa) de forma bem estruturada e clara sem o uso de ferramentas (muletas, pode-se dizer) que tentam prender a atenção dos leitores, como faz Dan Brown, e que acabam por disfarçar uma história fraca.
Eu nunca imaginaria que o mundo do jornalismo econômico investigativo pudesse ser tão interessante e ao mesmo tempo tão rico, rendendo situações dramáticas muito intensas e conflitos morais e éticos tão bem trabalhados por Larsson, sem em momento nenhum pender para o moralismo, o que seria tão fácil de acontecer, ou soar monótono.
Mikael Blomkvist e Lisbeth Salander são personagens riquíssimos e muito interessantes. O tempo todo o leitor se encontra curioso para saber qual será o próximo passo de cada um, visto que as mentes investigativas dos dois trabalham de forma tão parecida e ao mesmo tempo tão diferentes, levando a investigação do assassinato de Harriet Vanger, que é o centro da narrativa, em cada capítulo a ótimas reviravoltas. A pesquisa a cada momento fica mais instigante. A narrativa é muito bem amarrada do início ao fim. Mesmo sendo complexa, cheia de personagens, muitos fatos e mudanças de foco ao longo do tempo, o leitor acompanha sempre com clareza tudo o que ocorre, e entende cada passo e movimento da dupla de protagonistas.
Muitos podem confundir Millenium – Os homens que não amavam as mulheres com uma história do tipo “quem é o assassino”, a exemplo dos livros de Agatha Christie, mas Millenium é muito mais do que isso. Como já disse, é focado no mundo do jornalismo investigativo econômico e de fato se aprofunda muito no assunto. Mas ao mesmo tempo acompanhamos a investigação do desaparecimento de Harriet que ocorreu a quarenta anos atrás e que tem um número considerável de suspeitos na família Vanger, e principalmente é um incrível estudo de personagens. Ao fim do livro me senti conhecendo profundamente Mikael e Lisbeth e também a enorme galeria de quadjuvantes de maior ou menor importância. E é aí que Larsson mostra seu talento. Com poucos parágrafos que seja que ele dedique a alguém, ele consegue traçar uma análise profunda da personalidade e caráter do mesmo. Sem muitos floreios, com simples fatos que ocorrem, conversas e pensamentos descritos.
Estou ansioso par ler os outros dois títulos da trilogia e por que não, vê-los no cinema também. Dirigidos por David Fincher, é claro.