Mary & Max (Idem) – Austrália – 2009 *****
Direção: Adam Eliot
Roteiro: Adam Eliot
Uma história de amizade improvável, porém tocante. É assim que eu defino esse excepcional Mary & Max, filme de animação em stop motion dirigido pelo competente Adam Eliot. O filme conta a história de Mary, garota de oito anos, gordinha, solitária, vivendo na Austrália com pais que não lhe dão atenção. É quando decide se corresponder com um estranho da América que achou na lista telefônica chamado Max. Ela descobre que ele é bem parecido com ela, solitário, no meio do caos da cidade de Nova York, judeu, porém ateu, comedor de chocolate compulsivo e sofre da Síndrome de Asperger, que faz com que ele não tenha o menor tato social e sofra de crises de ansiedade toda vez que se emociona demais (leia-se sempre). O porém (além dos anteriores) é que ele tem 44 anos e nunca teve sequer uma amigo na vida, além de um imaginário, que vive no canto de sua sala. Mantendo uma amizade através de cartas que vão gradativamente fazendo com que se conheçam, eles vão mudando a vida um do outro e preenchendo o vazio de amizades que cada um possuía. A direção de Eliot é sensível e delicada, sendo engraçada nos momentos certos e melancólica e pessimista em outros. É impressionante o nível de expressão que ele consegue extrair dos bonecos de stop motion. Aliás, a direção de arte do projeto e a fotografia dão um show à parte. Elas são usadas como instrumento de narrativa, seja com a aparência de cada personagem que diz algo sobre sua personalidade, ou a fotografia claramente distinta entre o mundo de Mary, predominando as cores marrons e mais quentes, e o mundo de Max, beirando o preto e branco. E é muito emocionante quando os dois mundos se encontram, mesmo que na imaginação de um deles. Outro ponto alto do filme são os pouquíssimos diálogos, mas que dizem muito em poucas palavras e graças também às dublagens geniais do sempre talentoso Philip Seymour Hoffman, Toni Collette e Eric Bana e todo o elenco. Destaque também para a narração em off, presente quase que todo o filme, que conta grande parte da história com muita sensibilidade, humor e ironia. Não há como não se emocionar ao ouvir algo como “é preciso aprender a aceitar seus defeitos e conviver consigo mesmo”. Não é uma lição de moral barata. É profundo por sua simplicidade e veracidade. Outro show à parte é a trilha sonora no piando e orquestra de cordas, simplesmente inesquecível. Sendo uma animação para adultos com densidade maior do que muitos filmes em live action que querem ser levados a sério, não tem como entender como foi deixado de lado no Oscar desse ano, sendo tão bom ou mais do que títulos como Up – altas aventuras ou Coroline e o mundo secreto. Uma das melhores animações do ano de 2009.
Direção: Adam Eliot
Roteiro: Adam Eliot
Uma história de amizade improvável, porém tocante. É assim que eu defino esse excepcional Mary & Max, filme de animação em stop motion dirigido pelo competente Adam Eliot. O filme conta a história de Mary, garota de oito anos, gordinha, solitária, vivendo na Austrália com pais que não lhe dão atenção. É quando decide se corresponder com um estranho da América que achou na lista telefônica chamado Max. Ela descobre que ele é bem parecido com ela, solitário, no meio do caos da cidade de Nova York, judeu, porém ateu, comedor de chocolate compulsivo e sofre da Síndrome de Asperger, que faz com que ele não tenha o menor tato social e sofra de crises de ansiedade toda vez que se emociona demais (leia-se sempre). O porém (além dos anteriores) é que ele tem 44 anos e nunca teve sequer uma amigo na vida, além de um imaginário, que vive no canto de sua sala. Mantendo uma amizade através de cartas que vão gradativamente fazendo com que se conheçam, eles vão mudando a vida um do outro e preenchendo o vazio de amizades que cada um possuía. A direção de Eliot é sensível e delicada, sendo engraçada nos momentos certos e melancólica e pessimista em outros. É impressionante o nível de expressão que ele consegue extrair dos bonecos de stop motion. Aliás, a direção de arte do projeto e a fotografia dão um show à parte. Elas são usadas como instrumento de narrativa, seja com a aparência de cada personagem que diz algo sobre sua personalidade, ou a fotografia claramente distinta entre o mundo de Mary, predominando as cores marrons e mais quentes, e o mundo de Max, beirando o preto e branco. E é muito emocionante quando os dois mundos se encontram, mesmo que na imaginação de um deles. Outro ponto alto do filme são os pouquíssimos diálogos, mas que dizem muito em poucas palavras e graças também às dublagens geniais do sempre talentoso Philip Seymour Hoffman, Toni Collette e Eric Bana e todo o elenco. Destaque também para a narração em off, presente quase que todo o filme, que conta grande parte da história com muita sensibilidade, humor e ironia. Não há como não se emocionar ao ouvir algo como “é preciso aprender a aceitar seus defeitos e conviver consigo mesmo”. Não é uma lição de moral barata. É profundo por sua simplicidade e veracidade. Outro show à parte é a trilha sonora no piando e orquestra de cordas, simplesmente inesquecível. Sendo uma animação para adultos com densidade maior do que muitos filmes em live action que querem ser levados a sério, não tem como entender como foi deixado de lado no Oscar desse ano, sendo tão bom ou mais do que títulos como Up – altas aventuras ou Coroline e o mundo secreto. Uma das melhores animações do ano de 2009.