terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Nine (Idem)

Nine (Idem) – EUA/Itália – 2009 ****

Direção: Rob Marshall

Roteiro: Michael Tolkin e Anthony Minghella, baseado no musical da Broadway

Depois do maravilhoso Chicago e do regular Memórias de uma Gueixa, Rob Marshall se arrisca mais uma vez no mundo dos musicais da Broadway com esse Nine. Baseado num musical de sucesso que por sua vez é baseado no filme 8 e ½ de Frederico Fellini. Nine conta e história de Guido Contini, diretor de cinema italiano da década de sessenta que enfrenta uma crise criativa e pessoal, que diante disso, procura as mulheres de sua vida em busca de inspiração. Com uma produção ainda mais glamorosa e extravagante que Chicago, Marshall cria um musical conceitual, no qual os números se passam na mente do protagonista. Isso funciona melhor em Chicago, já que lá a protagonista era Roxie, que sonhava em ser vedete, o que fazia os números mais plausíveis. Mas ainda sim, em se tratando de um musical, tudo é possível, até mesmo aceitar que um diretor de cinema tenha devaneios musicais no meio de seu dia. Se esse fosse o principal pequeno defeito de Nine seria bom, mas o maior deles reside na natureza do próprio Guido (Daniel Day-Lewis), homem “atormentado” pelo fato de ter que dirigir um filme que não tem nem um roteiro ainda e em crise no seu casamento devido às suas inúmeras puladas de cerca, Guido é um personagem com o qual é quase impossível de se identificar. A sua crise criativa até é plausível, já que enfrenta problemas na vida pessoal, mas a sua vida particular é impossível de entender. Ao mesmo tempo em que demonstra um amor enorme pela sua esposa (a sempre maravilhosa Marion Cotillard) não pensa duas vezes em dormir com a primeira repórter de revista/fã que cruza seu caminho (Kate Hudson) ou de ir correndo para encontrar sua amante, interpretada pela talentosa e sensual Penélope Cruz. É aí que reside a confusão do filme. É difícil entender a natureza de Guido e o que se passa em sua mente. Ele poderia ser um personagem tridimensional, mas acaba por fim se revelando apenas um cafajeste sem caráter que não pensa antes de magoar as mulheres que supostamente ama. Mesmo com esses defeitos, Nine ainda é um excelente musical, afinal de contas, é isso que Rob Marshall sabe fazer de melhor. Com números perfeitamente coreografados, cenários deslumbrantes e figurinos luxuosos, o filme nesse aspecto é excepcional. As canções deixam um pouco a desejar, sendo poucas as que nos façam lembrar depois de sair da sessão. Destaque para as canções Take it all, interpretada por Marion Cotillard no que eu considero o melhor número musical do filme e Cinema Italiano, interpretada pela sempre carismática e enérgica Kate Hudson. O filme ainda conta com a presença de estrelas como Sophia Loren, Nicole Kidman, Judi Dench e a rockstar Fergie que pouco podem fazer com seus papéis pequenos e sem muito desenvolvimento, com exceção de Dench, sempre intensa, cria uma ótima confidente e amiga de Guido. Uma das melhores personagens do filme. Por fim, Nine é uma experiência agradável, não um musical arrebatador como Chicago, mas com certeza digno de ser visto.