Direção: Robert Zemeckis
Roteiro: James V. Hart e Michael Goldenberg, baseado no livro de Carl Sagan
Dono de uma filmografia muito regular com títulos como Forrest Gump, O Expresso Polar, Uma cilada para Roger Rabbit e A Lenda de Beowulf, Robert Zemeckis já se provou como um dos diretores mais talentosos da atualidade. Contanto a história da astrônoma Ellie (Jodie Foster), que perdeu seus pais na infância e, desde então, mostra interesse na busca de respostas através da ciência e da astronomia, somos apresentados a um filme que vai profundo nas questões filosóficas da existência humana, da ciência e da religião. Baseado no livro de Carl Sagan e sendo bem fiel a este, fazendo alterações sempre para o bem do resultado final, acompanhamos a trajetória de Ellie, que depois de anos a procura de uma mensagem vinda o céu proveniente de vida extraterrestre inteligente, as vésperas de seu programa de pesquisa ser cancelado, recebe, ao que parece, uma mensagem contendo grande quantidade de dados, que tempo depois, se descobre serem o manual para a construção de uma máquina. O fato, é claro, toma proporções mundiais, já que implica tanto questões religiosas quanto científicas, e acaba fugindo do próprio controle da cientista, que conduzia o projeto com objetivos tão pessoais, claramente, mas também científico, agora se vê envolta em uma rede de interesses políticos. O filme tem momentos e diálogos muito inspirados, o que demonstra o talento e a profundidade da obra tanto de Sagan quanto de Zemeckis, como no momento quando Ellie é perguntada em sua entrevista, se por acaso, ela tivesse uma única pergunta a fazer aos outros seres, qual seria. Ela responde que gostaria de saber como eles conseguiram passar pela “adolescência” tecnológica sem se autodestruírem. E é exatamente o que o planeta Terra enfrenta no momento. Crescimento super acelerado da tecnologia e ao mesmo tempo a destruição desenfreada do meio ambiente. Uma pergunta que demonstra o brilhantismo da cientista e, por tabela, de Zemeckis, também. O filme é cheio de questões sérias como a existência de Deus, o objetivos das religiões, o objetivo das ciências e ainda as relações humanas, e o melhor: não as trata aferecendo respostas prontas, mas sim discutindo-as de forma inteligente. Aliás, o contato, ao qual o título se refere, em minha opinião, é muito mais o contato entre os próprios seres humanos, abordados no filme, com suas políticas, relacionamentos familiares, amorosos, religiosos, etc, do que o contato com seres extraterrestres. A direção de Zemckis é, outra vez, brilhante, compondo quadros sempre inventivos, que além de demonstrarem o virtuosismo técnico do diretor, ajudam a contar a história. Como no momento em que a garota Ellie sobe as escadas correndo para pegar o remédio de seu pai e a câmera a acompanha, quando depois percebemos que estávamos olhando para o espelho do armário; ou como no momento em que a pequena Ellie tenta se comunicar com seu pai já morto pelo rádio e a câmera sai, de um plano fechado, para a janela do quarto da menina e mostra a casa numa vista panorâmica; ou ainda no maravilhoso plano-seqüência em que a cientista escuta a mensagem pela primeira vez e a acompanhamos em sua felicidade e pressa para chegar até a base. A trilha sonora é comedida, mas muito segura e bem colocada. Os outros aspectos técnicos do longa são perfeitos, como a direção de arte, fotografia, figurinos e efeitos visuais. Poderíamos ficar falando por horas do trabalho de Zemeckis e não seria suficiente. Talvez fosse melhor se "tivessem mandado um poeta" falar. Ele expressaria melhor do que eu. Mas o melhor é conferir, assistindo a esse jovem clássico do cinema americano.