sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

A partida (Okuribito/Departures)

A partida (Okuribito/Departures) – Japão – 2008 *****

Direção: Yojiro Takita

Roteiro: Kundo Koyama

A morte é um dos assuntos mais difíceis e delicados de serem tratados em qualquer sociedade. E a idéia de um filme que trate deste assunto também pode não ser agradável pra muita gente. Isso nos leva a este excelente A Partida. O filme conta a trajetória de Daigo, um jovem que tem o sonho de tocar violoncelo profissionalmente, mas que vê esse sonho se dissolver quando a orquestra em que trabalha se desfaz. Desesperado pela falta de dinheiro (precisa pagar o seu cello caríssimo) ele resolve achar um novo emprego. Surpreso por encontrar-lo um tanto rápido demais, se atrai pelo salário, mas ainda sem saber o que fará exatamente no trabalho. Ao descobrir que irá ajudar o dono da pequena empresa a preparar defuntos para o sepultamento/cremação fica chocado e pensa em desistir do trabalho, mas por fim acaba aceitando. Aí então acompanhamos a trajetória do rapaz e seu processo de descobrimento do que morte significa e de si mesmo. O longa é muito sensível em demonstrar como o protagonista enfrenta o preconceito das pessoas por seu trabalho incomum (até mesmo de sua esposa), os seus fantasmas do passado devido a ausência de um pai presente, e como ele descobre um sentido na sua vida justamente através da morte. O diretor Takita explora muito bem a linguagem cinematográfica ao ilustrar a diferença com que Daigo enfrenta a morte ao longo do filme: no início, com terror diante da morte de um polvo que supostamente serviria para seu jantar ou mesmo curiosidade quando observa salmões subindo a correnteza do rio para se reproduzirem e depois morrerem, momento no qual um personagem diz: “Talvez eles estejam só querendo voltar para o lugar de onde vieram”. Essa frase já resume a grande profundidade que essa obra possui. E por fim, com serenidade diante da morte de um ente querido. Destaque para o momento em que Daigo encontra o seu cello que tocava quando criança, começa a tocar e várias memórias vêm à sua mente. Um dos momentos mais tocantes do filme. Destaque também para a trilha sonora incidental, que não é nada menos do que maravilhosa. Este é, ao lado de A Fonte da Vida, um filme obrigatório por tratar do tema morte com sensibilidade e obrigatório simplesmemte por ser fantástico.